Cartas e recordações

Um time inesquecível

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Eu sonhei, sim, eu sonhei, voltei aquele fim de rua, a nossa “rua sem saída” onde passei toda minha infância.

Sentei à frente da casa do Zinho, e a um só chamado vieram todos meus amiguinhos. Sim, vieram todos de uma só vez. Uma lágrima rolou pelo meu rosto e ao mesmo tempo minha alma se encheu de alegria, os abracei todos e de repente me vi criança novamente: pés no chão, calças curtas, fubecas pelo bolso, uma bola na rua e muita imaginação na mente.

O correr despreocupado, o atravessar a linha do trem (que para nós era a maior aventura), o jogar bola num campinho improvisado onde nós mesmos tínhamos feito as traves, a nossa bola ganha no natal, já toda gasta pelo muito uso. Nosso joguinho de bola corrido. E ao findar lá íamos nós ao poço, sim, ao poço, onde cada dia era um que tirava a água para que todos bebessem.

Depois o sentar à sombra de uma frondosa árvore onde conversávamos sobre tudo e ali fazíamos nossos planos e plantávamos nossos sonhos. Queríamos formar um time, termos o nosso uniforme, jogar com chuteiras, podermos disputar uma partida no campo do Dom Bosco.

Nosso time está formado, o uniforme é lindo, a bola é nova, tem torcida a gritar nossos nomes, tem até juiz, ele apita, o apito vai ficando longe… longe… se confunde com o despertador, e eu acordo.

Um misto de tristeza e alegria toma conta de mim, tenho vontade de rir e chorar ao mesmo tempo. Onde estará nosso time hoje? Como estão nossos sonhos? Só sei de uma coisa: quando vejo um destes meus amigos de infância eu o abraço com grande alegria, alegria como de um gol feito pelo nosso time, com uniforme novo, com torcida gritando pelo nosso nome.

E o time se formará com:

Esfriso, Toninho, Julio, Zinho, Jair, Ademir, Zezinho, Airton, Primo, José Carlos, Silvio e Antonio.

Airton – 24/12/1989

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