Hoje, após quarenta e sete anos de casados, posso dizer que sou um homem feliz. Ao lado dela passei os melhores momentos de minha vida, companheiro de uma das mulheres mais maravilhosas que conheci, de gestos simples, raiva passageira e amor interminável. Fica cansada como todo mortal, mas nunca para o esposo, filhos, netos, genros e noras, até fico bravo com isso.
Com a mesma ternura dirigiu uma Kombi carregada de tecidos pelas ruas apressadas de São Paulo, ou embalou a cantar, em pequenos carrinhos os filhos para simplesmente acalmar.
Companheira de todas as horas, desde a primeira moradia, um escritório desativado, até nossa primeira casa, e de todas ela fez um “lar”.
Não… não me lembro de um momento sequer que estive sozinho… em todos os momentos estava ao meu lado, dando forças, animando com sábias palavras ou simplesmente ouvindo.
A comida podia não ser farta, mas na mesa nunca faltou um vasinho de flores, por menor que fosse, na maioria das vezes plantadas por ela e colhidas no próprio quintal.
Do amor que os netos tem por ela, parei de “tentar competir”, nunca vou chegar perto, só fico a admirar com lágrimas nos olhos o quão bonito é.
Enfim, obrigado Deus, por estes quarenta e sete anos vividos ao lado dela. E se eu pudesse pedir eu diria: foi muito pouco tempo, eu quero mais! Uma vida só é muito pouco! Me dê mais, Deus! Eu sei que sou um pouco complicado, mas ela é uma mulher muito fácil de ser amada.
Airton
14/08/2018