Cartas e recordações

Aniversário de 5 anos de casados

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Esta carta escrevi quando completamos cinco anos de casados.

É, Ritinha, meu amor, lá se vão cinco anos de alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, realizações e coisas ainda a realizar. Mas no fim veremos que mais rimos que choramos, mais vencemos que saímos vencidos. E apesar de muita coisa a fazer, juntos nós também já fizemos muito.

Me lembro como se fosse hoje: aquele nosso primeiro olhar, seguido de algumas palavras, os nossos primeiros sorrisos, as nossas primeiras lágrimas.

O importante é que quando ríamos o riso vinha do coração, e também nossas lágrimas tinham origem em nosso coração, e sempre estávamos perto um do outro.

Agora recordo, e me vejo parado ao lado de um altar. O órgão começa a tocar, meus olhos se fixam na porta, e entre flores te vejo entrar. Você estava como sempre imaginei vestida de noiva. Toco suas mãos, senti todo seu nervosismo, e senti também a presença de Deus em nossas vidas. Minha vontade era de aconchegá-la em meus braços.

Este foi, na realidade, o primeiro dia de minha vida em que me senti um homem. Não em força ou brutalidade, mas sim em vontade de dar todo amor que trazia em meu coração, pois senti que ia receber muito amor também.

E lá vamos nós para a “lua de mel” (bem curta, por sinal). Me desculpe, mas você sabe todos os problemas que atravessava naquele momento.

Nosso inicio foi difícil, mas me traz muitas recordações: o sobradinho humilde que você arrumava com muito carinho. Nosso cômodos divididos com madeiras que você acortinou. O fogão onde foi feito o primeiro arroz (que por sinal queimou um pouco), e aquele “inesquecível nhoque” (só eu sei).

Daí começamos nossos planos, pois você já estava esperando o nosso Juninho, que não era bem um Juninho e sim uma Juninha, a nossa Patricinha, a Pa de agora.

Ali se passaram quase dois anos, até conseguirmos realizarmos um sonho: termos nossa própria casa, e transformá-la em um lar, ali nasceu a Lucianinha.

Bem, Ritinha, meu amor, aí estão nossos cinco anos de casados, aí estão os frutos do nosso amor e do nosso trabalho. A jornada foi dura, você bem sabe o quanto sofremos, nem é bom lembrar. Mas valeu a pena, pois ao olharmos para o lado, vemos um ao outro prontos para o que der e vier. E ao olharmos para baixo vemos duas criancinhas dizendo: “Obrigado, mamãe. Obrigado, papai. Obrigado pelo exemplo e por tudo que fazem por nós”.

“Tchau, bem, vai com Deus”. “Bom dia, papai! Bom dia, mamãe”; Estas palavras ao me levantar, ou ao sair para o serviço, me dão animo e alegria, pois vejo que tudo aquilo que fizemos está dando frutos.

Quero te pedir desculpas se às vezes não sou o marido que você merece, me desculpe pelos meus erros, minhas falhas, se às vezes eu gritei ou fui estúpido com você. Me perdoa, tá? Sabes bem da minha luta e correria diária. Desculpe a minha falta de tempo, se às vezes não sou um bom pai. Peço desculpas as nossas filhas se cansado não tenho vontade de brincar, me atirar no chão, rolar pela grama.

E não me pergunte por que meus olhos estão vermelhos e lacrimejados…

Amo muito vocês!

Airton Borelli – 14/08/1976

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