Cartas e recordações

Casamento da Luciane e do Eduardo

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Esta Carta Li na Igreja no casamento da Lú e Du.

Sabe, Luciane, tem certos momento em nossas vidas que se eternizam e você fez parte de muitos deles.

Mas um sem dúvida ficou gravado muito forte em meu coração. Já se passaram dezoito anos, você irá se lembrar: foi a primeira carta que escrevi para você e sua irmã.

Era noite, estávamos conversando e brincando, de repente me vi aluno de pequenas professoras. Fingindo não saber alguma coisa levava broncas, obedecendo recebia elogios.

“Chega de brincadeira, é hora do ditado!”, me disseram em tom firme. Foram ditando como enérgicas professoras e eu escrevendo como temeroso aluno. Ao término, como ainda não sabiam ler, pedi que me deixassem fazê-lo, e foi exatamente isto que escrevi aquele dia:

“Ser criança é sonhar com os olhos fechado, é sorrir com pureza, chorar com sinceridade, amar com toda força, é não conseguir ter ódio, é brincar com um simples papel ou uma boneca já velha. Ser criança é correr na hora de comer, e querer comer na hora da correria. Ser criança é não querer resolver problemas dos adultos. É querer molhar todo corpo na chuva fininha, tirar a blusa no inverno ficar alheia ao frio que nos faz tremer. Sabe, filhas, vocês são crianças, simplesmente crianças, por isso papai tem vontade de ser como vocês: não me envolver com os problemas do mundo e achar a felicidade como a acham, em um pedaço de papel ou uma boneca velha. Só sorrir quando tiver vontade, só chorar quando o coração mandar. Assim são vocês, por isso eu as amo”.

Ao terminar a leitura abri meus braços e num longo abraço pude sentir suas lágrimas e com certeza você também sentiu as minhas. Não, não precisamos de palavras, eternizamos este momento.

Quero te confessar que foi muito difícil dormir aquela noite, pois em meio a lágrimas agradeci muito a Deus aos filhos que tinha nos dado.

Sabe Lú, já te disse algumas vezes e quero repetir: você é uma filha que tornou a missão de ser pai muito mais fácil. Procurei te ensinar alguma coisa, mas com certeza aprendi muito mais. Procurei te dar as mãos, mas você me mostrou o caminho. Procurei te mostrar as estrelas e você me mostrou o céu. Procurei te levar a Igreja, mas você me levou até Cristo.

Agora que você e o Eduardo estão tomando uma decisão muito importante, quero que guardem bem vivo no coração:

A vida é feita de pequenas coisas, detalhes que às vezes não damos importância e passamos todo o tempo em busca da felicidade, e com certeza ela esta tão perto que muitas vezes nem percebemos. Portanto, andem de mãos dadas, que o olhar seja na mesma direção, ouçam o cantar dos pássaros, parem para admirar os lagos, vejam juntos o nascer e o pôr do Sol, tenham tempo para consertar a boneca, chutar a bola e ouvir a criança, tenham calma para acompanhar o idoso e que possam falar e principalmente viver um grande amor.

Que Deus conceda a vocês a felicidade de um dia cantarem cantigas de ninar, brincarem em um parquinho de casinha ou futebol, contar histórias de príncipes e princesas, falar de um Deus verdadeiro. Enfim, que possam brincar de aluno e professor. E que estes momentos se eternizem para sempre como se eternizaram para mim.

Airton – 24/09/1997

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