Esta carta escrevi e li no casamento da Patrícia e Marcos, foi um momento de muita emoção.

Patrícia, eu me lembro quando você estava ainda em formação, e emocionado ouvi o bater de seu coração. Me lembro quando pela primeira vez te vi no berçário, você era linda. Me lembro quando, meio sem jeito, te carreguei no colo para sairmos da maternidade. Me lembro dos seus primeiros passos, quando apressada querias chegar aos meus braços.

Me lembro dos momentos difíceis que passou, e você os superou como uma mulher já feita.

Me lembro do primeiro dia na escola, quando você não queria entrar e eu não queria sair. Me lembro de suas primeiras palavras escritas: Papai, Mamãe. Me lembro do seu primeiro diploma no primário.

Me lembro quando num domingo você e sua irmã nos convidaram para irmos à Igreja, sim, esta Igreja que nos acolhe até hoje.

Me lembro quando nas noites de chuva você corria para nossa cama e adormecia em meus braços, como se eu fosse um super-homem.

Me lembro dos nossos passeios, quando no parque ajudava a te balançar, das nossas idas ao circo onde ríamos muito do palhaço e o mágico nos encantava, do gosto inesquecível da pipoca que juntos comíamos.

Me lembro do dia em que vocês vieram falar em casamento, pude sentir o brilho nos seus olhos. Hoje vocês estão aqui iniciando uma nova vida, trilhando um novo caminho que juntos irão andar.

Pelo caminho encontrarão algumas pedras, procurem retira-las para que quem vier a seguir não tropece. Por onde passarem semeie flores e com certeza o perfume ficará por todo o sempre.

Lembrem-se sempre que mais importante que enxugar as lágrimas, é não fazer chorar. Mais importante que fazer coisas, é como estas coisas são feitas. Mais importante que sorrir, é como se sorri. Mais importante que resolvermos um problema, é como ele é resolvido. Muito mais importante que viver, é como se vive. E mais importante que falar de amor, é amar.

Que Deus abençoe muito vocês, e que um dia possam sentir a mesma emoção que senti quando pela primeira vez ouvi bater o coração de um filho e possam sentir como eu, a alegria de rir do palhaço e o gosto inesquecível da pipoca.

Eu os amo.

Airton – 05/11/1994