Acordo de madrugada, não sei se pela idade um pouco avançada, ou por meus quarenta e quatro anos de casado, ou por já ter vivido e visto muita coisa; Vi o homem ir a lua, vi o telefone daqueles ainda de disco, do interurbano que demorava um dia para conseguir, vi filmes num domingo muito esperado, ainda em branco e preto, com imagens não tão boas, mas sempre emocionantes, vi a praça, aquela do centro da cidade, quando ainda era reservada só para os namorados e a fonte ainda de brinde tinha águas coloridas, vi aparecer muitos ídolos, Elvis, Beatles, Jovem guarda em peso, não, não sei porque mas uma só pergunta ficou em minha mente: Como seria um dia sem você?
Com toda certeza do mundo eu iria começar a reparar nos detalhes, nos seus pequenos gestos que às vezes na correria nem dou tanto valor: Naquele vaso de flores que insiste em ficar na mesa já no café da manhã, ou mesmo dentro da geladeira, ou na caneca estampada um coração, iria querer saber porque os filhos e netos te amam tanto, porque você é tão fácil de ser amada?
Como seria um dia sem você?
Talvez os netos não viriam tanto a nossa casa, não chutariam bola na área ou no corredor, não teria mais banho de mangueira, não brigariam mais com os pais para dormirem conosco, nem ficariam a procurar o esconderijo de chocolates.
Mas, como seria um dia sem você?
Talvez os pássaros ficariam mais tristes a espera da comida tão carinhosamente espalhada pelo quintal, e nem viessem mais cantar em nossa porta, com certeza as flores perderiam o brilho e deixariam de perfumar, perderiam o brilho e deixariam de perfumar.
Mas, mas, como seria um dia sem você?
Espere, você acorda…, o seu sorriso inunda nossa casa, bom dia meu amor…
Obrigado Deus por mais um dia ao seu lado e assim não precisar experimentar, como seria um dia sem você.