Cartas e recordações

Dia dos pais – 1993

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Pai, hoje é seu dia, e queria tanto conversar com o senhor, mas isso é impossível, pois não tens tempo. O teu trabalho, os teus amigos, os teus negócios, o noticiário da TV estão sempre em primeiro lugar.

Pai, quero te dizer uma coisa: não quero todo seu tempo, mas queria que participasse um pouco apenas de minha vida.

Queria, nem que fosse por um dia, que o senhor me levasse para escola e no caminho poderíamos conversar sobre tantas coisas.

Queria, nem que fosse por um dia, que sentássemos em um banco de jardim para admirarmos a antiga fonte luminosa que muito me encanta.

Pai, queria nem que fosse por um dia que o senhor me ensinasse a andar de bicicleta, e assim com certeza teria menos medo de cair.

Pai, queria nem que fosse por um dia, irmos a um circo, comermos pipoca, olharmos atentos o equilibrista e rirmos juntos do palhaço.

Queria, nem que fosse por um dia, irmos ao cinema, sentarmos lado a lado, e segurar bem forte sua mão.

Sabe, Pai, vou te contar uma coisa: um dia deste meu time ficou campeão na escola, como era linda a medalha, como tinha lutado para conquistá-la! Eu queria te dar de presente, mas procurei na torcida e você não estava, meus olhos de encheram de lágrimas.

Vem, pai, vem me ensinar sobre as estrelas, me mostrar as Três Marias o Cruzeiro do Sul. Vem ver meu boletim, algumas notas não estão boas e podes me ajudar. Vem, pai, vem ser o goleiro do meu time.

Vem participar de uma reunião na minha escola e ver a carteira em que sento. Vem, pai, fazer uma pipa comigo, pois as minhas não voam muito bem.

Vem me contar histórias, me fale do seu tempo de criança, das brincadeiras que fazia.

Pai, sei que estou exigindo muito do senhor, mas quero que saiba que para mim és a pessoa mais importante do mundo, e eu quero um pouco do seu tempo, um pouquinho só, mas que seja o suficiente para entender que…

Eu te amo!

Airton – 08/08/1993

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