Olho para o passado, me vejo criança a correr descalço, fubecas no bolso, bola já surrada nos pés, pipas as nuvens tentando alcançar, nossa rua de terra quase sem movimento nenhum.
Me vejo adolescente, ginásio com uniforme a respeitar, mundo todo errado querendo contestar, homen indo a lua, e meu pai sem acreditar.
Me casei, agora sou pai, alegria e responsabilidade são dobradas, e rápido sou avô, “um pai com mais doçura”.
A vida penso ser isto: um olhar no passado, vivendo o presente, e mirando o futuro.
Sim, olhar no passado, nunca me esquecendo de onde vim, dos meus pais e avós, da minha rua de terra, daquela casinha amarela que o tempo nunca vai apagar.
Sim, olhar no presente, que eu possa entender os netos, participar um pouco de suas vidas, mesmo que não seja tão rápido a apertar estes botões dos jogos de video game, difíceis de acompanhar.
Sim, olhar no futuro, aceitando as mudanças todas, mesmo que algumas não compreenda bem.
Enfim, aos 68, só tenho que agradecer a Deus e pedir que nunca permita que eu fique um velho chato, destes que os netos não queiram se achegar. Que eu possa rir, contar e ouvir histórias, bater bola, dar e ouvir conselhos, enfim… é, enfim, que eu seja simplesmente uma pessoa “viável” , que ao se lembrarem de mim, possam dizer:
Meu pai, meu avô, meu marido, foi um “cara bem legal”.
20/01/2019