E agora aos 69? Os passos já não são tão rápidos, são mais lentos. O medo de cair já é mais presente, pois não consigo me defender tão bem ao ir para o chão. Já não tenho a disposição que tinha quando criança, a memória já não é estas coisas. Aí penso: como passou rápido! As coisas podiam ir mais devagar, os ponteiros do relógio não precisavam ter pressa, os filhos poderiam esperar um pouquinho mais para crescer, meus pais poderiam ficar mais comigo, me dando conselhos e mostrando os caminhos, pois apesar da idade, ainda tenho muitas dúvidas, tenho muito que aprender.
Engraçado, com meu pai, não sei porque, só sinto falta de uma coisa: de um dia ter tomado uma caneca de chá bem demorada, sem pressa de acabar.
Com minha mãe, não sinto falta de nada, talvez por ter sido mais próxima, desfrutei de toda os momentos.
Vivo um grande amor, continuamos a escrever a nossa história, agradeço a Deus por poder dormir e acordar ao seu lado, por poder compartilhar minhas tristezas e alegrias, meus medos e minhas coragens, por poder me sentir um pouco ainda “Indiana Jones”, ao conseguir abrir uma garrafa de vinho ou um vidro qualquer, parece que ouço até a música do filme e me sinto um herói. Ou por simplesmente ao anoitecer ouvir: “Boa noite, eu te amo”.
Quanto aos filhos, netos e bisneto, estou procurando entender este “mundo novo” de cliques e telas, de pouco apego e troca rápida das coisas. De como conseguem ficar horas olhando para um computador mas não conseguem parar minutos para ver o nascer ou o pôr do Sol, o luar e as estrelas, onde fica o Cruzeiro do Sul, as Três Marias… “Pra que? Da um Google, vô”.
Enfim, ainda estou procurando entender, então acho melhor deixar para os 70, 71, 72, 73…
Mas hoje só posso dizer:
Obrigado, Deus, pelos meus 69, e por viver intensamente neste mundo encantador.
Airton Borelli
20/01/2020