Cartas e recordações

Dia das mães – 1996

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Sabe, mãe, não é engraçado? Hoje comecei a recordar o passado, me vi em teu ventre, senti todo teu cuidado. Me senti amado.

Me vi ainda um bebê sendo amamentado, ouvi você cantando para eu dormir. Me senti amado.

Me vi de novo criança, descalço a correr contra o vento. E você me ensinando a ler, escrever, falando de Deus… Te vi presente. Me senti amado.

Me vi adolescente, querendo descobrir o mundo, novos caminhos, queria contestar algumas coisas, discordar de outras… Te vi presente, orando, me mostrando o caminho. Me senti amado.

Me vi casando, querendo construir uma nova vida, ter meu próprio lar, ser esposo e pai. Te vi presente com teu exemplo. Me senti amado.

Me vi um homem já feito, lar, esposa, filhas, mas de repente fiquei enfermo, perdi uma vista, estava prestes a perder outra, você sem entender direito o que estava acontecendo se propôs a doar seus olhos para que eu pudesse ver. Eu te senti presente. Ah, como me senti amado!

Olhando agora o presente, quando te vejo, me abre os braços e num longo abraço, me torno pequeno, aconchegado. Te sinto presente. Me sinto amado.

Como poderia eu definir um amor tão grande, que não espera reconhecimento nem agradecimento, que doa a própria vida e ama pelo simples fato de amar?
Não, não me atrevo a isto, pois nem os poetas e menestréis conseguiram. Mas quero agradecer-te!

Obrigado pela mão estendida, pela palavra amiga, pelo sorriso, pela lágrima contida, pelas noites mal dormidas, pelo caminhar juntos, pela repreensão na hora certa, pelas lições de vida.
E acima de tudo, muito obrigado por me ensinar que Jesus é o salvador. Eu o sinto muito presente…

… E sinto-me muito amado.

Airton – 12/05/1996

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