Da carta escrita à mão, que demorava para chegar. Do carteiro, o “seu José”, que fazia suspense para entregar.
Do carrinho de rolimã que descia a ladeira a me amedrontar (e hoje vejo que não era tão grande assim).
Saudade da matinê aos domingos, das trocas de gibis, do seriado tão aguardado que meu herói estava em perigo mortal, “Que bom, ele se salva”. Mas agora é sua amada, e só no próximo domingo vou ver o final.
Saudade da minha escola que parecia longe a não mais chegar. Da minha primeira professora que chegava até a sonhar. De todos os professores, alguns bravos, outros divertidos demais.
Não… Não tinha supermercado, era na pequena venda que eu ia comprar. Nem precisava levar dinheiro, destes de papel ou plástico, era só na caderneta que o “seu Mene” costumava marcar. E no dia do pagamento lá em casa tinha até disputa, pois com certeza algumas balas iria ganhar.
Do nosso joguinho de futebol com pedras ou bambus a servir de traves. Da queimada na rua, os carros eram tão poucos que nem chegavam atrapalhar.
Saudade do pega pega, garrafão pimpão, esconde esconde, brincadeira de cinta, balança caixão, brincadeiras que nem existem mais.
Hoje os netinhos brincam com jogos destes só de apertar botão. Tento jogar, é tudo muito rápido, riem pois não tenho coordenação, logo tiram da minha mão. Aí fico a me perguntar: Será que um dia vão ter saudade deste apertar de botões?
Talvez sim… Talvez não…
Mas eu, talvez por estar velho, ah… Eu tenho saudade, do José carteiro, da venda do Mene, do carrinho de rolimã, das tardes de domingo…