Esta carta escrevi em um dia que a Giovaninha dormiu conosco.
E você dormiu no meinho!
Era noite, ficou em casa conosco, dormiu, te colocamos no berço, sono tranqüilo, um resmungo, o choro, idas e vindas e… Você dormiu no meinho!
Aí quem perdeu o sono fui eu, não de cansaço ou bravo, mas de alegria em tê-la conosco, sentir tua respiração, tocar tuas mãos e te aconchegar.
Sabe, Giovanna, em apenas alguns minutos vi rodar na mente o filme de minha vida.
Me vi criança, senti saudades de minha infância, meus brinquedos e bolas, parques e cinemas. Me vi adolescente, senti saudades de minhas descobertas. Me vi esposo, senti saudades de como conheci a vovó. Me vi pai, senti saudades de brincar com os filhos, tomar sorvetes, rolar pela grama, parques, cinemas, circos, pipocas, bonecas e bolas. Me vi avô e senti saudades do teu nascimento, quando te vi pela primeira vez, do riso, da lágrima, e engraçado, você era igualzinha eu imaginava!
Hoje te vejo equilibrando para dar uns passos, soprando para apagar a luz, colocando o dedo nas tomadas, fazendo caretas ou jogando beijos, e apenas com um aninho parece que sempre fez parte de nossas vidas.
Sabe, Giovanna, se algum dia ler esta carta, quero que fique bem vivo em sua mente que foste gerada com muito amor e amada por todos nós.
Que nunca afaste de você o verdadeiro sentido da família, viva pelo amor e por amor, esteja pronta sempre que preciso e diga sim, mas também tenha coragem sempre que necessário e diga não.
Tenha temor e amor a Deus como teu criador, ame a Cristo e creia como teu salvador.
Se o mundo que deixarmos não for muito bom lute para deixá-lo melhor para quem vier a seguir.
Mas espere, o que estou fazendo? Já esta amanhecendo, não posso perder tempo, vou voltar para cama, te curtir… Afinal, ah afinal…
… Você está dormindo no meinho!
Airton – 25/07/1997